Oficina de poesia para crianças

“Poeta tem mão de fada. Quando ele escreve a caneta Vira vareta encantada. Não é mais caneta, não, é varinha de condão.” (Leo Cunha)

Iniciei a aula com muito suspense. Tomar a atenção para mim, nesse momento, é muito importante. Disse que tinha uma surpresa, que faríamos uma coisa gostosa e eu leria uma história especial: A caligrafia de Dona Sofia, do André Neves, história poeticamente construída, com poemas em volta do texto que atraem a atenção de quem lê. Páginas coloridas, delicadamente desenhadas para trazer para si os olhos e a emoção do leitor, criança ou adulto, que se surpreende com o que vê.

Comecei a leitura pela capa, pelo título. Ninguém sabia o que era caligrafia. Expliquei que caligrafia significa a letra da pessoa e que a caligrafia de Dona Sofia era a letra dessa senhora, que era linda. Ela era professora aposentada e escrevia, com sua caligrafia caprichada, poemas nas paredes de sua casa. Antes de me aprofundar no livro, lancei a pergunta:

-Gente, antes de ler poemas a gente tem que saber o que é poesia... Alguém sabe?

Já havíamos lido outros poemas na sala e eu já havia chamado a atenção deles quanto ao conteúdo e a forma poética.

-É quando rima?

-Tem uns que rimam, outros não...

-Tia, quando fala que o sol é diamante, isso é poesia...

-Ah, sim isso também é poesia.

-É quando combina?

-Combina?

-É, quando é igual... O final...

-Quando rima... O final igual se chama rima. Às vezes rima mas prá fazer poesia tem que usar a cabeça e o coração nesses versos, que estão no livro:

“O poeta/escreve poesia/para ser criança/todo dia.” (Fernando Paixão)

Sabem por que o poeta escreve poesia para ser criança todo dia? Sabe qual a grande coisa que a criança tem que os adultos esquecem? As crianças estão sempre surpresas com tudo, o mundo é uma grande novidade. O poeta, como a criança, escreve sobre esse mundo que todo mundo conhece mas que ele enxerga com olhos curiosos ainda e sente com o mesmo entusiasmo de uma criança.

-Vou ler outro, esse foi escrito pelo André, que escreveu esse livro:

“A poesia rodando no vento/gira invento a todo momento/roda palavra na boca/enrola
rima na ponta da língua.”

-Gostaram? Olha ele falando de invento... Poesia a gente inventa, né? E ele fala de rima
também...

Depois da conversa, seguiu a leitura. Com os olhos e o coração abertos, o texto fluiu por toda sala e inundou nossa rotina. Encheu de vida e de graça nossa manhã nublada de terça-feira e fez feliz a mim e aos meus pequenos. Cada página lida revelava um segredo guardado em cada linha que seguia. Fiquei muito satisfeita com a escolha do livro, que estava na biblioteca da escola, parece que me esperando encontrá-lo.

Antes de ler para as crianças, li e reli o texto, levei o livro para casa e saboreei sozinha suas doces palavras. Mal sabia no que sua leitura se tornaria na escola mas, antes de ser um pretexto para a oficina de poesia, ele foi meu companheiro, exclusivamente meu.

Seguida a leitura, fiz uma sessão de relaxamento para alongar e relaxar as crianças, que deveria se preparar para o exercício de pensar e escrever.

-Estão prontos? Perguntei.

-Estamos!

-Hoje faremos uma oficina de poesia. Isso significa que a gente vai escrever poesia, cada um vai escrever a sua sobre o que quiser.

-Pode falar do amigo?

-Pode.

-Todos vamos usar a cabeça e o coração para escrevê-la. E cada um vai fazer com muito carinho para que a gente possa fazer um livro de poesias bem lindo e mostrar para toda escola.

-Hoje não vai ter dever?

-Essa é a atividade do dia...

Sorri. Quando a atividade envolve as crianças não parece dever. Mas escrever poesia também é um exercício de pensar e de escrever e, assim sendo, alcança meu objetivo do dia. Por que escolher uma atividade estéril e cansativa se eu posso trazer as crianças para o processo? Assim, tocando cada um e permitindo a escrita do que lhes agrada e do que mantem suas atenções, capricho e trabalho, posso ir além do trabalho de codificar e decodificar o código escrito, atividade mecânica ainda muito praticada em turmas de alfabetização. O sabor de escrever está nisso, cada um ser dono da sua própria palavra, lida, pensada, escrita e sentida, carregada das bagagens emocionais de cada criança e adicionando novos saberes, pensares e sentimentos.

Apaixonados, eu e meus alunos nos deixamos levar pela onda poética que se formou na aula. Imersos na poesia que é como uma maçã do amor, mistério guardado atrás da casca caramelada, doce em que a gente se lambuza. É vermelha, rubra como um coração pulsando palavras, sensações e rimas, linhas e versos, no ritmo do pensamento. Cada texto escrito foi lido em voz alta e compartilhado por todos. Cada um, de acordo com suas possibilidades, foi autor de um texto poético. Seguem os poemas dos meus poetas aprendizes, assim como eu:

“A tia é bonita.” (Cristian)

“Eu sou bonita e a lua brilha no céu.” (Samanta)

“O Vinícius é fofo e Samanta é fofa.” (Eduardo)

“A tia é bonita e eu também sou.” (Evelyn)

“Eduardo é fofinho.” (Vinícius)

“Um botão de ouro é valioso.” (Ryan)

“O sol é lindo.” (Francielen)

"O sol é um diamante e a lua também é linda.” (Victória)

“Davi é amigo” (Fabiano)

“A Evelyn é um diamante e muito bonita.” (Djullye)

“Leonel e Mateus são meus amigões.” (Davi)

“O brilho da lua/brilha na rua.” (Mateus)

“A lua é legal/parece o sol/mas não é.” (Leonel)

“O Leonel é meu amigo.” (Loran)

“Samanta é bonita/ Kaylane é bonita/Victória é bonita.” (Kaylane)

Que a volta às aulas, nas segundas-feiras, na seu torne uma “volta às jaulas”, como anunciou o lingüista Marcos Bagno. Mas que tenha um cheirinho doce de quem abre e lê no “papel roxo da maçã”, livro do mesmo autor. Que tenha a poesia e a delicadeza de quem se arrisca a escrever seus primeiros pensamentos, o lápis ainda vacilante e a mão insegura sobre a folha em branco. O aprendizado da leitura e da escrita, por não ser fácil não precisa ser torturante, por ser tão diverso não pode se limitar a homogeneizar, sem respeitar os ritmos, as lógicas, as histórias de vida e as motivações de cada um. Por ser poético precisa exercitar o pensar e o sentir, por ser afetivo não pode ser mecânico, monótono e estéril.

Por ser vida, deve se abrir para a vida, janelas abertas por onde ventila o mundo. Não pode rimar com sacrifício, mas com exercício. Um exercício contínuo de reflexão sobre a prática, sobre nossos olhares acerca dos nossos alunos, nossas expectativas, nossas possibilidades e sobre o largamento dos nossos pensares.

Cada dia em sala de aula deve ser um dia novo. Aberto para todas as possibilidades, como a manhã que mal acaba de chegar trazendo todo um dia de novidades. Deve ter o sabor da curiosidade, fruta macia, gostosa como ter um livro novo nas mãos. Deve ter a vontade necessária para que o dia se torne possível de acontecer, com todos os seus tropeços, caminhos e descaminhos que nos ensinam a caminhar. E que não seja um fardo, capaz de inviabilizar o sonho.

Mas que seja asa, para estudantes e professores.


Por: Ryane Pinto

Graduação em pedagogia pela Uerj-FFP (Faculdade de Formação de Professores)
Pós-graduação em Alfabetização das crianças das classes populares - UFF

Educação Informal

Há muitas maneiras de se educar. Umas das maneiras mais eficazes é aquela que não é percebida por quem está sendo educado.

Assim, de forma indireta, o Teatro de Bonecos, a Contação de Histórias entram no dia-dia da escola. Com histórias criativas e educadoras, de fundo moral implícito, linguajar adequado e interação total a mensagem fica gravada na memória da criança.

Assistindo as apresentações de Teatro de Bonecos e Contação de Histórias, as crianças estão desenvolvendo:


A percepção visual e auditiva;

A percepção das seqüências dos fatos;

A noção espaço temporal;

A criatividade e a imaginação;

A memória;

A socialização;

O vocabulário;

A compreensão;

A capacidade para recreação organizada.

Pôr chamar a atenção proporcionando a distração, o Teatro de Bonecos e a Contação de Histórias educa divertindo e diverte educando, atuando com grande significação psicológica em toda a faixa etária infantil.

As apresentações enriquecem o universo da criança, proporcionando-lhe uma dimensão encantada e exatamente por que é criança, não tem noção de como esse encantamento a influencia, ele permite que ela incorpore a sua própria vida, através da fantasia, tudo o que a história revela sobre a vida e a natureza humana.


por: Aê Coaracy

Descobrindo o amor pelas palavras

As relações que vamos construindo com a escrita na alfabetização e, muitas vezes, ao longo da vida estão geralmente ligadas à estrutura do texto. O trabalho poético e literário, em geral, vem para complementar a parte estrutural da construção textual.

Escrever um texto significa tecer, entre palavras, impressões e sensações do mundo em que vivemos a partir da lente dos nossos valores. Escrever literalmente, mais especificamente poeticamente, significa perceber esse mundo que passa pelos nossos sentidos e, dado o sentido que dá à nossa vida, escrevê-lo.

Escrever para melhor compreendê-lo, para compartilhá-lo, para intensificá-lo ou para eternizá-lo. A função da linguagem literária pode ser inicialmente um prazer que, aos poucos, vai agregando valores e funções que vão além do que se pode propor inicialmente.

Daí surge a necessidade do trabalho com o texto poético: os caminhos possíveis de uma alfabetização dos sentidos, encharcada do estar no mundo de cada um, suas visões desse mundo, suas sensações e sabores, as formas de perceber e conceder o entorno, a utilidade do registro escrito, o prazer de ler e escrever como utilidade desse registro e como finalidade.

A escrita e leitura poética propõem uma sintonia homem/mundo onde ambos se fundem e, a percepção e compreensão do mundo, pressupõe a compreensão de nós mesmos, num jogo de descobertas e envolvimentos em que afetamos e somos afetados, num ciclo ininterrupto que descortina novos olhares sobre as mesmas realidades e novos caminhos para substituir outros.

O jogo criativo que surge vai se fortalecendo à medida em que exercitamos o prazer de ler e escrever, o degustar de palavras e idéias inteiras, a sensação de liberdade que se experimenta no ato criador, a variedade de formas e cores que emolduram nossas idéias, o amadurecimento dos nossos sonhos e a construção de sonhos novos. A linguagem poética então exige, fundamentalmente, sensibilidade para sentir o mundo e sentindo, podermos expressá-lo e dividi-lo com os outros. Transformar sensações em palavras significa perceber as sutilezas do estar no mundo e, escolhendo delicadamente as palavras, anunciá-lo aos outros, levando não só a notícia descritiva desse mundo como carregando essas palavras da emoção de quem escreve na esperança de que cheguem a quem as lê.

A emoção de quem escreve e quem lê então, se unem numa comunhão em que um fio muito tênue separa o racional e o emocional. Ler e escrever cumprem um papel funcional e social importante no mundo grafocêntrico em que vivemos, papel que também soma o prazer proporcionado por essa atividade uma vez que existe a necessidade de verbalizar o sentido, transformar as sensações em palavras, compartilhar com o texto, no ato de escrever, todas as formas de perceber o mundo.

Ler o que foi percebido pelo outro significa reviver, repensar e observar as diferentes formas de olhar e sentir uma mesma realidade. Lendo, aprimoramos nossas possibilidades de compreender, viver e refletir sobre o mundo em que estamos mergulhados. Quanto mais se exercita essa sensibilidade de ver, pensar e sentir, mais capazes nos tornamos de perceber as sutilezas das nossas realidades e, melhor percebendo, compreendendo e compartilhando, maiores se tornam as possibilidades de transformação de ambos, homem e mundo.

Escrever e ler devem ser então, exercícios de delicadeza que vão deixando as nossas percepções mais à flor da pele para que sejamos capazes de olhar com maior estranhamento para o mundo que nos cerca e percebê-lo com maior clareza. Assim, deslizando pelos caminhos do conhecido nos tornamos capazes de questioná-lo e modificá-lo. Emocionar-se com o cotidiano significa estranhar o cotidiano, questionar-se, envolver-se, observá-lo e transformá-lo. Ver o mundo, revê-lo e rever e reler para questioná-lo significa reescrevê-lo.

A anunciação do mundo implica um novo olhar sobre ele, um novo pensar e sentir na busca da percepção do que não foi possível anteriormente. Com o olhar mais atento, vamos buscando pistas que nos levam a compreendê-lo melhor. Tais pistas só se tornam visíveis pelas nossas leituras de mundos anteriores e pelos nossos valores acerca desse mundo. Variando os valores, variam as pistas e as possibilidades.

Daí a necessidade do exercício da delicadeza, do estranhamento. Estranhar exige que nos dispamos dos nossos velhos valores para observar com o coração. A razão se alia à emoção para um pensamento contínuo sobre nossas responsabilidades que se agregam ao fato de existirmos. Existir exige um comprometimento com o mundo e com os outros, num processo que requer um pensar/sentir/agir responsáveis.

O professor alfabetizador não só ensina. Ele só ensina quando aprende como o outro aprende. Nesse jogo de saberes, o professor que também é aluno, aprendente, sensível às pistas, às histórias de vida de cada aluno, vai tecendo formas de ensinar e aprender.

Aprendendo a ensinar e a aprender, vai costurando laços de confiança que permitem a fluidez do processo de aquisição da leitura escrita. Dessa forma, a aprendizagem ganha leveza, o que faz com que se torne mais eficiente uma vez que estão todos envolvidos nela. Ler e escrever e ensinar a ler e escrever então, assumem um papel de responsabilidade social com a construção do mundo e a sociedade em que vivemos e com o mundo e a sociedade em que sonhamos.

Por: Ryane Pinto

Graduação em pedagogia pela Uerj-FFP (Faculdade de Formação de Professores)
Pós-graduação em Alfabetização das crianças das classes populares - UFF

Autodomínio e educação

Todo o processo educacional, seja ele na escola ou na família, leva ao confronto com uma verdade que nem todos gostam de encarar: o conhecimento de si mesmo, com suas belezas, mas também com suas deficiências.

É convivendo com o mundo à nossa volta que esboçamos nossas primeiras reações, desde a mais tenra infância até a idade adulta. E são essas reações que possibilitam o nossocrescimento emocional, psíquico e existencial. À medida que percebemos com mais atenção a maneira como agimos e reagimos em cada situação na vida, podemos conhecer um pouco mais de nós mesmos, de maneira que podemos melhorar nossa visão de mundo, escolhendo com mais convicção e certeza nossos caminhos e objetivos na vida. E, enfim, alcançarmos o autodomínio.

A vida na escola é um celeiro de ricas experiências, que se renovam a cada dia. É importante que estejamos sempre atentos para aproveitarmos ao máximo cada dia vivido com os alunos e com os companheiros de trabalho. Mas também precisamos estar cientes de nossas emoções e de como estamos reagindo às experiências adversas. Afinal, estamos felizes?Estamos superando as dificuldades? Estamos mantendo nosso autodomínio nas situações em que mais somos exigidos?

Manter o equilíbrio emocional e mental é um passo fundamental na manutenção da saúde, na prevenção de enfermidades. Há vários meios de conquistarmos esse equilíbrio, que deve ser sentido e levado em consideração tanto na vida profissional quanto na vida familiar e na convivência com os amigos em momentos de lazer. A vida é um conjunto harmonioso.

Depende de nós construirmos esse mundo melhor para nós mesmos e para nossos semelhantes. Práticas como relaxamento e meditação são, comprovadamente, eficazes na melhora do sistema imunológico de nosso corpo, além de aumentar nosso bem estar. Existem também à nossa disposição uma série de terapias e exercícios de caráter holístico que podem ajudar em nossa estruturação existencial, como o Reiki, a Yoga, o Tai Chi Chuan e dezenas de outras alternativas que vêm funcionar como excelentes ferramentas em nosso caminho na busca do nosso conhecimento íntimo, da melhoria de nossa qualidade de vida.

Afinal, estamos aqui nessa Terra para aprendermos. E o aprendizado da felicidade é uma conquista diária e que depende, sobretudo, de nossa própria vontade.




Camilo de Lélis Mendonça Mota é terapeuta holístico (CRT 42617), mestre de Reiki e Terapeuta Floral (www.camilomota.terapeutaholistico.com.br)

Pedofilia

A pedofilia é um disturbio psicológico em que adultos ou adolescentes sentem atração sexual por crianças. Mesmo que não ocorra relação sexual, o simples desejo já caracteriza a pedofilia. Quando o ato se concretiza, acontece o abuso sexual

Infelizmente são reais os número que mostram que o abuso sexual vai crescendo desenfreado. Então vamos colocar algumas dicas de como identificar um pedófilo.
Como saber se uma criança está sendo abusada e como lidar com este tipo de situação.

Comportamentos do possível abusador

  • Fique atenta quando:
  • Um adulto procura motivos para isolar-se com a criança;
  • Alguém exagera no afeto físico com seu filho;
  • Dá presentes ou dinheiro à criança, frequentemente, sem motivo aparente;
  • Alguém se oferece, regularmente, para tomar conta do seu filho e está sempre sozinho com ele. Repare nas feições da criança e no seu comportamento quando ela voltar.

Comportamento da vítima

  • Dá respostas sem sentido quando perguntada sobre alguma ferida em sua genitália;
  • Tem medo de que aconteça alguma coisa de mal com suas partes íntimas;
  • Interesse excessivo (diferente de curiosidade) ou pavor de assunto sexual;
  • Conhecimento sexual mostrado no linguajar ou comportamento além do normal para a idade da criança;
  • Acha que tem o corpo contaminado, sujo;
  • Pavor de algumas pessoas ou lugares;
  • Medo excessivo de exame físico ou toque físico;
  • Isola-se e fica retraída, com muitos segredos;
  • Muda de hábitos alimentares ou tem pesadelos e distúrbios no sono;
  • Chora muito ao ver uma pessoa específica ou tem medo dela;
  • Come compulsivamente ou não quer comer;
  • Ataques de raiva sem motivo aparente, diferente do normal;
  • Aparece em casa com presentes e dinheiro sem explicação por que ganhou. Observe se mente e descubra quem a presenteou;
  • Tem medos inexplicáveis ou se torna ansiosa quando os pais estão longe;
  • Tem Comportamento imaturo. Pode imitar voz de bebê ou voltar a fazer xixi (enurese) ou cocô na cama (encoprese); chupar chupeta e querer mamadeira. Regride;
  • Sinais físicos nas regiões genital e anal, como manchas roxas ou avermelhadas, assaduras além do normal e fica apavorada quando tocada para higiene;

Como evitar o abuso sexual

  • Ouvir os filhos e acreditar por mais absurdo que pareça o que eles estão contando, deixando a criança se expressar livremente;
  • Dedicar tempo e atenção aos filhos nas horas vagas;
  • Conhecer os amigos e os pais dos amigos dos seus filhos;
  • Olhe sempre as fotos do celular do seu filho;

Leitura e escrita poeticamente construídos

“A palavra é metade de quem a pronuncia e metade de quem a escuta.” (Montaigne).

Dia de sol. Crianças entrando pela sala, se arrumando nas carteiras e estranhando o jornal na janela. Dia de mais uma história, dessa vez contada no escuro da sala, daí a importância do jornal para impedir que a claridade entrasse. O globo terrestre circulava nas mãos das crianças.

Comigo, o livro: Casas, da poeta Roseana Murray, já conhecida das crianças pela quantidade de textos usados. O poema do dia era: Um buraco no chão e serviria de pretexto para pensarmos sobre o dia e a noite, o Japão do outro lado do mundo, o mundo e todas as outras questões que surgissem. Para finalizar, faríamos um cartaz com a escrita do que cada um mais gostou de aprender e deixaríamos à vista para que a turma da tarde pudesse ler e também e se interessar pelo assunto.

O texto dizia o seguinte:

Um buraco no chão

Será que se a gente

Cavar um buraco no chão

A gente vai parar no Japão?

Será que lá as casas

São de papel

E o que lá é céu

Aqui é chão?

Será que no Japão

A chuva cai ao contrário

E o tempo anda de marcha a ré?

Quando aqui é noite

Lá é dia

Quando lá é dia

Aqui é noite

E por causa dessa grande confusão

Não cavo um buraco no chão

Não vou mais pro Japão.

Terminada a leitura conversamos sobre a cultura japonesa:

- Tia, lá eles comem com pauzinho!

- E lá, eles escrevem com outra letra...

Assim, fomos construindo uma rede de saberes que trazia novas perguntas e se esclarecia no movimento da curiosidade. Então, lancei a pergunta:

- Por que quando lá é dia aqui é noite? Para onde vai o Sol quando aqui é noite?

Silêncio e, em seguida, a avalanche de respostas:

- O sol é uma estrela.

Imagino que ele tenha pensado que o sol de dia brilha e à noite vira estrela.

- O sol se esconde atrás da estrela.

- Ele vai para o fundo do mar.

Penso que, pela nossa cidade ser uma cidade que gira em torno do mar e o sol se pôr no mar, a criança tenha chegado a essa conclusão.

- Ele fica atrás da lua.

- Ele fica atrás da nuvem.

Mas, e em noite de céu estrelado? Perguntei.

- O sol é grande? Por que ele parece pequeno?

Respondi que era porque o sol está longe. Ele é uma bola de fogo enorme. Quando você vê um amigo longe, ele não parece pequeno?

- Se a gente for de avião, o sol queima a gente?

Não, o sol está muito longe. Expliquei.

- De foguete queima?

Nem de foguete. Disse que mesmo indo muito longe com o foguete o sol não nos queimaria e que o calor produzido por ele é que nos mantém vivos.

A partir de todas essas hipóteses, subi na cadeira com o globo e com a lanterna e, na sala escura, simulei o universo:

- Gente, essa sala toda é o universo. Há mais planetas que o nosso. Qual o nome do nosso planeta?

- Terra!

- É igual ao globo, mas é “mais grande” que o globo.

- Ela é redonda.

- Ela fica rodando.

- O planeta é bom para a gente.

- Pois é, continuei, ela fica rodando perto do sol. Tem hora que o sol ilumina ela. Mas olha só, dá pra iluminar tudo?

- Não!

- Então! Vou colocar um adesivo no Japão e outro no Brasil para a gente entender melhor o que acontece. Olha só, quando tem luz no Japão, tem luz no Brasil?

- Não!

- Então lá é dia e aqui é noite. E quando lá fica escuro e a gente tem luz?

- Aí aqui é dia!

- Agora a gente já sabe para onde vai o sol quando não está aqui?

- Vai pro Japão!

- É, vai pro outro lado do mundo, iluminar outros países, não só o Japão. A gente pode ver no globo outros países.

Acende-se a luz e a aula continua. Desenhei e disse o nome dos outros planetas no quadro-negro, caso alguém se interessasse em saber. O globo continua circulando e as crianças vão encontrando os nomes de países que eles conheceram no álbum da Copa do Mundo. Enquanto alguns observavam o globo e outros folheavam o livro de poesia, iniciei a confecção do cartaz com umas poucas crianças que se interessaram em escrever primeiro. Aos poucos, todas as crianças registraram suas impressões sobre a aula. Para um aluno, escrever naquele momento era acabar com a brincadeira.

- Tia, será que uma vez na vida a gente não pode só desenhar?

- Sim, a gente pode. Mas hoje seria interessante escrever para que seus amigos da tarde possam ler o que você aprendeu e conhecer também o que você conheceu.

Muito contrariado, escreveu. Na folha, muito mais desenho que escrita, uma forma de protesto. Na verdade, ele não queria perder tempo. Paralisado após escrever, nós até podíamos ler seus pensamentos, o olhar perdido na aula que continua na imaginação, criança fisgada pela curiosidade, pela vontade de ler e conhecer o mundo.

Senti-me com o dever cumprido. Um pensamento livre vale muito. Não há nada pior que um pensamento aprisionado, cartilhado, silabado. A leitura do contexto, a produção do texto sentido, tocado, refletido, promove uma interação enriquecedora entre a linguagem escrita e o mundo lido, na construção do homem que pensa e reflete sobre suas práticas e as práticas cotidianas.

Quantas coisas mais as crianças aprenderam nesse dia, aprendizados que fogem do meu domínio? Quantos saberes se acumularam e foram compartilhados entre as crianças, que não passaram por mim? Acionado o botão do pensar, a sala de aula se transforma em um grande laboratório de porquês e respostas, misturadas e separadas continuamente, que nos ajudam a pensar a prática e o processo de aprendizagem de muitas maneiras possíveis.

Pensar a criança como sujeito, que pensa e reflete sobre sua escrita, sobre a escola e sobre sua forma de lidar com o mundo significa respeitar as diferentes experiências da criança com esse mundo e com o mundo escrito proporcionando, de diferentes maneiras, oportunidades para que essas reflexões e pensamentos se ampliem. Do alargamento das nossas percepções, levados pela curiosidade, primeiro ingênua e depois crítica, é que nos tornamos capazes de compreender melhor o mundo que é transformado pelas mãos de quem pensa sobre ele. E é na construção desse novo mundo, mais justo e humano, que se faz necessária a formação desse cidadão pensante, inquieto e curioso.


Por: Ryane Pinto

Graduação em pedagogia pela Uerj-FFP (Faculdade de Formação de Professores)
Pós-graduação em Alfabetização das crianças das classes populares - UFF

O papel do adulto na educação

Todo aprendizado é necessariamente mediado – e isso torna o papel do ensino e do professor mais ativo e determinante do que o previsto por Piaget e outros pensadores da educação, para quem cabe à escola facilitar um processo que só pode ser conduzido pelo próprio aluno.

Segundo Vygotsky, ao contrário, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades
ou informações deve ter a participação de um adulto. Ao internalizar um procedimento, a criança “se apropria” dele, tornando-o voluntário e independente Desse modo, o aprendizado não se subordina totalmente ao desenvolvimento das estruturas intelectuais da criança, mas um se alimenta do outro, provocando saltos de nível de conhecimento.

O ensino, para Vygotsky, deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe nem é capaz de aprender sozinho, porque, na relação entre aprendizado e desenvolvimento, o primeiro vem antes. É a isso que se refere um de seus principais conceitos, o de zona de desenvolvimento proximal, que seria a distância entre o desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela
tem o potencial de aprender – potencial que é demonstrado pela capacidade de desenvolver uma competência com a ajuda de um adulto.

Em outras palavras, a zona de desenvolvimento proximal é o caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha. Saber identificar essas
duas capacidades e trabalhar o percurso de cada aluno entre ambas são as duas principais habilidades que um professor precisa ter, segundo Vygotsky.

O psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky morreu há 74 anos, mas sua obra ainda está em pleno processo de descoberta e debate em vários pontos do mundo, incluindo o Brasil.

Colaboradores

Aê CoaracyJosé Lúcio de SouzaAdriana Muheim CorsiniCamilo MotaThiago Brum Teixeirahttps://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiprIYd9yvQa6mmp4pN5DBoPrzIjSe_d9DIL4sMEMHhBNR62sjlRVpPIrUFM3dXLESPOm34Liw92KAvUDNQh9uZ4nonFN4aKsHxTEDTRTGVXWaKruqxaRZFYabD-hKEl-akXQ5f9rzX7RPH/s1600/larissa.jpghttps://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicz5LETyr96Vr-OJLl7f1hPlX94n4GhWgJs9yknWJ98op9ik-VmtKZsk2NjGIYiSTcpQ2d3nSlUTdaSy3v7FMTE89VwLK7_axCOTbjFViynIeGFgSk7TrOGaTwhlRYz5jpVFVY6GYEjBYa/s1600/Ryane+Pinto.jpghttps://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtTGh6ema1pqngIYeF_UTmB_BTgMmuF4uLJkEhdP7VWZ0U8d6NJRoeg68Ia2sdkFidAouGMev2E-cBsYwPIOWOWrgyXpOM_FVDUET6lxz1yVGfhfr3fjOQQwbCjq_a7LFnKM_nDtgI5-MY/s1600/rosa.jpg